Mas quem acha que as flores crescem nos jarros não sabe nada de literatura. A biblioteca agora é sua farmácia, e ela dará às crianças um pouco do xarope que a fez recuperar o sorriso quando acreditou que o havia perdido para sempre. Lichtenstern gesticula para um dos assistentes vigiar a porta, e Dita fica de pé num tamborete no centro do barracão. Uma criança ou outra olha para ela com uma curiosidade inapetente, mas a maioria continua olhando para a ponta dos tamancos. Dita abre o livro, procura uma página e começa a ler. Podem até ouvi-la, mas ninguém escuta. As crianças continuam apáticas. Muitas estão jogadas no chão como que adormecidas. Os professores continuam cochichando e ruminando só sabem da morte do pessoal de setembro. Até Lichtenstern se sentou num tamborete e fechou os olhos para sair dali.
Trecho do livro "A Bibliotecária de Auschwitz", de Antonio G. Iturbe.
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