Capítulo 1.
Sei que o título da história é longo, mas eu, Djena, não sou uma garota fácil. Deu pra entender?
Toda história tem um começo. A minha história também, quando eu nasci. Mas, esse não é o ponto principal da história que eu quero tratar. Quero mesmo é falar dos dias atuais da minha vida. Primeiro, vamos ter que saber um pouco mais dela. Então, vamos lá.
Meu nome é Djena. Espera aí! É Djenifer Anastácia Brandão. Mas, como eu não gosto nem do meu primeiro nem do meu segundo nome, escolhi misturá-los e formar esse apelido. "Djen" de Djenifer e "A" de Anastácia fica bem melhor que tudo junto. Colocaram meu primeiro nome em homenagem ao meu pai, Djonatan, e o segundo em homenagem a minha mãe, Andreia, mas não gosto da combinação que eles criaram. A sorte é que não tenho outros irmãos para eles repetirem esse erro, se é que me entendem?!
Estou no primeiro ano do Ensino Médio. Está ocorrendo tudo certo por enquanto, e espero que continue assim! Não estou em uma escola de superdotados ou algo do tipo. Estudo em uma escola normal, com pessoas normais. Eu sei fazer de tudo, mas não me chamaria de superdotada. Eu escrevo, leio, cozinho, canto, danço, costuro, pratico atividades físicas... Não estou brincando, eu faço de tudo! Não vou contar para vocês os meus defeitos também, porque vocês irão identificá-los no decorrer dessa minha escrita.
Falando em escrita, não sei exatamente porque eu comecei. Peguei o meu notebook para pesquisar alguma coisa, me esqueci e comecei a escrever isso aqui. Talvez eu tenha Alzheimer? Pode ser! Preciso marcar uma consulta com um médico especialista urgentemente! Ah, lembrei: eu ia pesquisar uma receita gostosa, rápida e fácil de fazer. Ainda bem, fiquei com medo de ter Alzheimer. Mas, mesmo assim, vou marcar uma consulta!
Vocês, caros leitores, que entendam o que eu escrevo. Às vezes eu viajo na maionese e encontrar o caminho de volta é difícil, mas se conseguiu entender o título, você entenderá o resto!
Capítulo 2.
Já fiz alguns amigos na minha nova escola e eles até que são legais. A Mari é doce e inteligente, a Jú é mais extrovertida, e o Léo, é o Léo. Não sei como dizer, mas nos demos bem logo no primeiro dia. É difícil fazer amigos quando você é sincera demais. Viu? Já conhece um dos meus defeitos. Não é uma tarefa muito difícil!
"Djenaaaa!" gritou a minha mãe enquanto eu estava concentrada escrevendo. Mas, dessa vez, eu não larguei o notebook e, sim, levei ele junto. No carro foi meio difícil de digitar, mas quando eu cheguei na escola melhorou. Melhorou tanto a escrita que não me contive e fiquei escrevendo durante a aula. Aí é que vem o problema: a aula e a professora.
Não demorou muito para ela chamar a minha atenção. Porque tinha que ser aula de matemática? Se ela fosse a professora de Português, ia me deixar escrever, eu acho. Mas, a professora de matemática não, a menos que fosse sobre números. Naquela hora não custava perguntar se eu pudesse continuar a escrever se o que eu estava escrevendo tinha a ver com números, mas depois custou.
A minha sinceridade me levou para a diretoria. Na segunda semana de aula! Eu não tinha ido parar na diretoria nem uma vez na minha vida! Fiquei tão desesperada que acabei desmaiando no sofá de lá. Na frente da diretora e da orientadora. Que vergonha, meu Deus!
Acontece tanta coisa na minha vida que daqui a pouco aquele vírus lá da China chega aqui...
Capítulo 3.
Perdi o controle. Na verdade, perdi um bom controle. Afinal, escrever não é algo exatamente tão ruim. Por que a professora quis me punir por isso? Ela sugeriu aos meus pais que tirassem meu notebook de mim, mas não deu certo. Eles me apoiam e se eu acho que isso me faz feliz, eles vão me apoiar mais ainda. A única coisa que fizeram foi me avisar para não fazer isso novamente.
Eu perco o controle fácil. Sou intensa, sou forte, sou destemida. Pareço aqueles animais selvagens que são "domesticados", que são criados por humanos, que são de fato dóceis, mas quando se empolgam, acabam atacando ou machucando os donos. Eu não e-x-a-t-a-m-e-n-t-e exagero, mas sou intensa, com "I" maiúsculo.
Como disse antes, meus pais me apoiam. Eles estão sempre ao meu lado, mesmo que sejam superprotetores ás vezes. Não sei dizer se isso é bom ou ruim, mas, afinal, eu os amo. A vida deles gira em torno de mim, literalmente. Os dois são professores, então sempre estão ao meu redor, na minha minha escola. Isso faz com que a "reputação" deles caia dependendo do meu comportamento dentro daquela instituição, mas eles não ligam, porque a única coisa que importa é me verem feliz e poder lecionar. A sorte é que não são meus professores de matemática, ou qualquer outra matéria!
Capítulo 4.
É, é preciso ir para a escola todos os dias. Não acho que é tão chato, pelo contrário, acho legal. É ali que portas se abrem para nós, portas além dos nossos lares. Falando nisso, está na hora de ir para a minha...
Dia longo. Aula de História, Português, Educação Física e Artes. E, além disso, tivemos uma palestra sobre o novo coronavírus e como anda a situação dessa nova pandemia. Falamos sobre cuidados que é preciso ter com ele e coisas chatas assim. Ainda disseram que, possivelmente, não teremos aulas por alguns dias, como na época da epidemia de H1N1. A diferença é que não é uma epidemia e, sim, uma pandemia, não tendo apenas uma região afetada, mas o mundo todo afetado.
Após mais explicações, passamos para uma parte "prática" da palestra. Nos mostraram como usar o álcool gel, - sim, mostraram como se usa o álcool gel para nós: adolescentes! - como vamos ter que manusear as máscaras e um monte de coisas que já se está sendo usado em países como a China.
Ainda bem que acabou logo, não aguentava mais! Queria ir para casa, olhar um pouco de TV e comer algo bem gostoso. Mas, quando cheguei em casa, me lembrei que precisava estudar para a prova de Geografia do dia seguinte e levar o meu cachorro, Bucky, para passear.
Capítulo 5.
Pronto! Aconteceu! Férias no meio de março! Só o que faltava... Um vírus, uma gripe respiratória "evoluiu" e se espalhou pelo mundo inteiro.
Mas até que quinze dias não é nada mal! Posso assistir minhas séries à vontade, dormir até tarde. Nem posso sair de casa, ótima desculpa... Vamos ter que recuperar alguns dias, mas não é nada de mais... Fiz pipoca para comemorar, mas meus pais não achavam a mesma coisa. Na opinião deles, pararam as aulas muito cedo e que quando o pico realmente chegar, as pessoas vão querer voltar as aulas normais, aumentando bastante o número de casos. Essa era uma nova realidade a ser estudada. De certa forma, eu também pensava como eles, mas estava mais tranquila, pois se trata de apenas 15 dias, duas semanas e um dia.
A minha sorte é que as tardes ainda são bem quentes, assim posso aproveitar a nossa piscina. Essa é uma outra coisa que eu adoro: nadar. Desde que me lembro, adoro a água, tanto que fiz anos de aula de natação. Ser livre como um peixe, é bom demais.
Capítulo 6.
Está tudo ótimo, tudo tranquilo. Tenho falado com meus amigos via WhatsApp, eles também estão gostando, aproveitando ao máximo. Converso mais frequentemente com a Mari, que está neurótica com essa situação. O psicólogo e a família não sabem mais o que fazer, por isso acham que os amigos podem ajudá-la com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) dela se mostrarmos que estamos calmos, tranquilos, mas tomando os devidos cuidados com o vírus.
Falando nisso, o Léo não consegue nos ajudar a acalmar a Mari muito bem. Ele é hiperativo, muito agitado e às vezes só piora a situação. Mas, quando ele usa a Ritalina, é bem melhor de lidar com eles e não temos muitos problemas. Como não temos atividades da escola para fazer, ele usa o remédio apenas quando fica muito exaltado. Apesar de tudo, o Léo sempre faz brincadeiras dizendo que ele não tem irmãos porque os pais dele não gostariam de ter outro filho hiperativo. Sabemos que não é absoluta verdade, mas sempre rimos junto com ele.
Já existem casos confirmados e vários suspeitos no Rio Grande do Sul, mas como não existe uma abundância em testes, pode ter muito mais.
Capítulo 7.
Hoje, pela tarde, escorreguei no tapete da sala de estar, caí por cima do Bucky e cheguei no chão, seguindo a lei da inércia. Mas, apesar de tudo, não me machuquei, já o Bucky... Coitado! Acebei o machucando e ele não parou de chorar, era como se tivessem o esfaqueado, me esfaqueado. Meu pai veio correndo e, em seguida, minha mãe perguntando o que havia acontecido. Logo, levaram-o para a clínica veterinária. Meu pai me disse que ele estava estável, mas precisaria passar a noite lá em observação.
Custei a dormir naquele dia. Fiquei refletindo no nosso"relacionamento". Desde os nove anos eu amo e odeio ele. Quando estou cansada, ele quer passear, o que me irrita, mas quando estou triste, ele pula no meu colo e faz as suas brincadeiras, o que me faz feliz. Somos superdiferentes, não pelo fato dele ser cachorro e eu humana, mas pelo fato das nossas almas serem diferentes. Ele é bem agitado, animado e, além disso, muito fofinho. Ele me agita, me alegra junto com ele, e saber que ele está machucado, me coloca para baixo.
Capítulo 8.
Minha mãe está falando ao telefone com a secretária do veterinário. Não consigo mais esperar vendo as diversas expressões do rosto dela. Decidi subir para o meu quarto e escrever. O que houve para ligarem às 7:00 da manhã, não posso nem pensar...
Cinco minutos depois, meus pais subiram até o meu quarto com, desta vez, uma expressão triste. O que eu mais temia que acontecesse com o Bucky aconteceu, ele morreu. Sete anos nós compartilhamos as nossas vidas, sete anos! Ele foi o meu primeiro bichinho de estimação. Vou sentir falta.
Enterramos ele no jardim. Coloquei flores de vários tipos e cores ao redor e algumas pedras, que terei de tirar do gramado nos próximos dias, mas a única coisa que eu não conseguirei tirar de lá é o meu amigo.
Apesar de estar triste, me consolo com o fato dele estar melhor do outro lado, não estar vivo e sentindo dor ou estar com sequelas. Neste momento, ele deve estar devorando o meu peixinho dourado lá no paraíso dos animais, aquele cachorro sempre estava de olho nele!
Seja lá como ele estiver, um dia eu encontro ele novamente. Só espero que a minha morte não seja assim...
Capítulo 9.
Tudo bem, estou ficando enjoada. Não tem nada de legal para fazer nesse mundo que é a minha casa, nem tenho o Bucky para me fazer companhia. Eu acordo, tomo café, olho as minhas redes sociais, escrevo, faço o almoço, escrevo mais um pouco, vou costurar máscaras para usar quando as aulas voltarem, tomo banho, janto e vou dormir depois de olhar as minha redes sociais novamente. A minha rotina básica é essa, mudam pequenas coisas. Como o Léo consegue viver nessa pandemia sendo hiperativo?
Quando eu falei da costura, não era brincadeira. Eu adoro costurar e minha mãe também, isso a ajuda durante as aulas de artes com os seus alunos de ensino fundamental anos finais. Nos últimos dias, estou costurando máscaras de tecido para usarmos quando as aulas voltarem. Fiz os cálculos e se nós três usarmos o tempo todo essas máscaras, trocando de duas em duas horas, apenas em um dia teremos, em média, quinze máscaras "sujas". Elas não secarão da noite para o dia durante o inverno aqui do Sul, então precisamos ter o bastante para dois dias, pelo menos.
Já se passaram os 15 dias de suspensão que os governos impuseram, ainda sem aulas presenciais. Decidiram prorrogar a suspensão delas por mais 30 dias. Por enquanto, não nos mandaram nenhuma atividade, a não ser sugestões de leitura, filmes e coisas do tipo.
O pico da epidemia, no Rio Grande do Sul, está previsto para acontecer entre abril e maio então, provavelmente, teremos mais dias em casa, infelizmente.
Capítulo 10.
Acabei de receber uma notícia dos meus pais, mas não sei se fico feliz ou assustada. Não gosto de incluir diálogos em minhas escritas, mas farei uma exceção, uma exceção das grandes!
Para se situar, imagine meus pais me chamando para a sala de estar, os dois sentados de frente para mim com um olhar que eu julguei estranho:
"Djena, temos algo muito importante para te falar. A hora em que aconteceu não foi das melhores, mas é sempre uma dádiva. Nós já esperávamos por isso a anos e cremos que você também, apesar de não fazer questão de compartilhar seus pensamentos conosco" falou meu pai com uma voz firme, porém calma.
"Pare de enrolação Djonatan... Estou grávida, querida! Você vai ter um irmão, ou irmã!" contou, quase gritando de emoção minha mãe. "Como seu pai disse, a hora não é das melhores, mas vamos cuidar da nossa saúde e a do bebê também. Vamos acolhê-lo com muito amor e carinho. O que você acha, minha filha? Lembrando que agora não temos mais volta!"
Nessa hora, eu gelei. Não soube o que fazer, quem dirá o que dizer. Apenas sorri, olhei para eles e quando pude pensar direito, respirei fundo e disse: "Nossa, por essa eu não esperava! Mas, com certeza, vamos acolhê-lo com muito amor e carinho. Eu já esperava a muito tempo, mas acabei não me preocupando com isso durante essa pandemia." Falei apenas poucas palavras naquele momento, pois estava com medo de que minha mãe estivesse com os hormônios alterados e que ficasse chateada com algo simples.
Em comemoração, tomamos suco de laranja, servido em taças, já que ela não pôde tomar nenhuma das champanhes que haviam naquela hora em casa. Serão nove meses bem longos para todos nós.
Capítulo 11.
Agora preciso parar de escrever. Vamos, com todo o cuidado possível e mantendo distância, contar para a minha avó que minha mãe está grávida. Apenas iremos lá porque ela não tem acesso a internet e queríamos poder ver a expressão do rosto dela.
Ontem contamos para a minha avó materna que minha mãe está grávida. Não foi exatamente como esperávamos...
Chegamos lá por volta das 15:30 horas para dar uma "passadinha rápida". Foi muito bom ir vê-la novamente. Meus pais vão seguido lá, pois levam as compras para ela, mesmo que ela não crê que a situação da pandemia seja real.
Foi quase como quando eles me contaram, mas eu estava do outro lado também. Foi praticamente a mesma conversa, a diferença é que quando estavam falando minha avó pôs a mão no peito e desmaiou em seguida. Ficamos chocados e chamamos a emergência. Enquanto a ambulância não chegava, fizemos massagem cardíaca nela, pois nos parecia muito com um infarto. Naquela hora, agradeci aos meus pais por terem me obrigado a fazer aulas de primeiros-socorros.
Minha avó não teve um infarto, mas sim a manifestação da fibrilação auricular dela. Ninguém sabia que algo assim vinha ocorrendo pelo fato de, no caso dela, ser assintomático. O coração dela bate rápido e muito irregular, causando dores no peito, desmaios, falta de ar e palpitações. São sintomas parecidos aos de infarto. Sabe se lá há quando tempo ela tinha isso, mas apenas agora esses episódios se tornaram mais fortes e mais comuns.
Capítulo 12.
Muita coisa mudou desde a última vez que escrevi. Os dias andam bem cheios... Minha avó se mudou para a nossa casa, para podermos acompanhar a rotina dela e não deixá-la sozinha em uma casa enorme. Isso faz bem para ela e ocupa o meu tempo. É um pouco difícil lidar com ela, pois morou sozinha desde que meu avô faleceu, mas estamos nos dando bem. Como temos internet aqui em casa, ensino para ela como usar as redes sociais e poder nos mandar mensagem quando estamos fora de casa. O básico ela já está aprendendo.
Nossa casa tinha apenas um quarto extra antes da vovó chegar, mas agora ele está ocupado. Meus pais acham que a melhor opção é ampliar a casa, no caso, fazer mais um quarto. O bebê vai ter um quarto novinho para ele. A boa notícia é que eu vou ajudar a decorar. Já estou fazendo planos e planos. Não sei se fico mais animada com a parte do bebê ou com a parte de os meus desenho virarem algo real.
Penso na cor cinza fraco, com um berço daqueles "5 em 1", um roupeiro branco e, quando escolhermos o nome, letras dele na parede logo na frente do papel de parede com listras verticais cinzas e brancas. Algo com estilo, mas simples e unissex, pois as cores dos brinquedos coloridos, independente do sexo do bebê, que ficarão no baú trarão uma harmonia a tudo aquilo.
Capítulo 13.
Mais um mês se passou desde a suspensão das aulas e as coisas estão ficando cada vez mais difíceis. Maio chegou e nada daquele "pico" aparecer. As aulas foram prorrogadas novamente. Apesar disso, o tempo passou rápido até o primeiro ultrassom.
Nenhuma pessoa da nossa família foi junto, para não ter tantas pessoas na sala de exame, mas todos pretendemos ir nos próximos, quando a situação da pandemia melhorar.
Minha mãe perguntou ao médico se podia filmar e ele aceitou. Ela não nos contou muita coisa logo de início, dizendo que naquele dia teríamos um jantar especial. Gostaria de saber o que ela tanto queria nos dizer. Como ela está grávida de aproximadamente 5 semanas, enxerga-se apenas o embrião e a vesícula vitelina.
Comemos lasanha, e pudim de sobremesa, por escolha da minha mãe. Todos estávamos ansiosos para ver o bebê na filmagem, apesar dele ainda ser apenas um embrião. Ficávamos nos olhando na mesa esperando a minha mãe falar, achávamos que ela não aguentaria até depois da sobremesa.
Naquela noite, não precisei lavar ou secar a louça, porém tive que arrumar a televisão para assistirmos à filmagem. Nunca os vi terminar tão rápido... Finalmente, a hora chegou. Nós três nos sentamos no sofá e minha vó na poltrona ao lado. Estávamos ansiosos e não piscamos por nenhum segundo. Aquele embrião de, aproximadamente, cinco centímetros já era um bebê para mim!
Mas, espera aí! Tem dois! São gêmeos! Dois embriões é igual a dois bebês. Eu terei dois irmãos.
Aquilo me levou à loucura, nos levou à loucura! Agora só precisamos saber qual é o sexo deles, ou delas, ou dele e dela. O sorriso já era grande de saber que teria um irmão, mas dois fizeram ele ir de uma orelha até outra.
Capítulo 14.
Então, os meus planos para o quarto do bebê terão de mudar, pois um berço para dois não dará certo por muito tempo.
Ainda vamos construir apenas um quarto, pois eu não levarei tantos anos para sair de casa e, qualquer coisa, tem o quarto da minha vó. Não sabemos por quanto tempo ela ficará morando conosco, talvez ela se mude para uma casa pequena perto da nossa que ela está "de olho", ou então fique lá em casa e nos ajude com os gêmeos, ou gêmeas.
Por enquanto, eles ficarão no mesmo quarto, mas farei modificações na decoração, tais como colocar dois berços, uma cadeira para ninar eles (que depois servirá de canto de leitura) e duas iniciais com o "&" no meio. Além disso, minha mãe quer fazer um quartinho que servirá de "canto dos brinquedos" em vez de ter aquele baú no canto do quarto que ficará sempre transbordado de brinquedos.
Capítulo 15.
Fomos até na casa da minha avó ontem e passamos a noite lá. Ela disse que ficaria com a casa e que nós podemos usar ela como um refúgio para levarmos os bebês para eles correrem livres e aprenderem com a natureza. Além de usar o lugar para nos desativarmos da internet. A parte ruim disso é que vamos ter que cuidar daqueles 3 hectares que ainda restaram após as vendas que minha vó fez quando o meu avô faleceu, mas será ótimo ter um lugar para ir quando não aguentarmos mais ficar enfiados em casa com dois pestinhas. Seria como ganhar a herança antes dela morrer, só que tudo ainda está no nome dela e espero que fique por muito tempo ainda.
Meu avô, Vicente, era forte. Filho de um pracinha de guerra que lutou na Itália e, por sorte, voltou para casa e de uma dona de casa que cuidou de 6 filhos sozinha enquanto o esposo estava ausente. Ao todo, meu avô tinha 7 irmãos, pois depois da guerra nasceram ele e mais uma outra irmã. Ele era mais velho que a minha avó, tinham 17 anos de diferença. Ele não casou cedo, pois gastou esse tempo trabalhando e estudando, até o dia que conheceu a minha avó. Eles se casaram e tiveram uma filha, que é a minha mãe. Viveram muito felizes juntos, até que ele faleceu, em 2013.
De lá pra cá muita coisa mudou e continua mudando. O mundo gira e gira e gira.
Capítulo 16.
Então, hoje eu decidi ser um pouco ousada quando estava fazendo as compras. Desde que minha mãe nos contou da gravidez, sou eu, ou o meu pai, que fazemos as compras e ela apenas sai de casa quando é realmente necessário.
Como disse antes, fui ousada. Passei na frente de uma loja de animais muito linda que tinha gatinhos muito fofos na vitrine e não me contive. Adotei um deles. Pretinho com uma mancha branca ao redor do olho esquerdo que me parece muito com um coração. Não sabia qual seria a reação dos meus pais sobre isso, mas esperava que eles aceitassem bem se eu os convencesse que o Bucky faz falta pra mim.
Quando cheguei em casa e mostrei para eles, um sorriso saiu discretamente dos rostos dos meus pais. Claro, falaram para mim que o que eu fiz não era correto e que eu deveria ter conversado com eles sobre isto, mas não conseguiam esconder que adoraram ele.
No caminho para casa, além de imaginar a conversa que teria com meus pais, fui pensando em um nome para ele. Resolvi chamá-lo de Potter, pois ele tem uma marca original dele, como Harry Potter tem a dele (uma marca de raio na testa). É o coração nos olhos dele que me fez chamá-lo assim. Só espero quem não tenha nada a ver com uma tentativa de assassinato!
Capítulo 17.
A cama do Potter fica no meu quarto. Aproveitei várias coisas que encontrei aqui em casa e na chácara (como chamamos a casa da vovó agora). Encontrei uma mala antiga tão vintage, estofei ela com uma almofada encapada com um tecido verde-água e coloquei alguns adereços com as letras do nome dele e do Harry Potter. Quando queremos trocar a mala/cama, só é preciso fechá-la e pronto!
Gostaria de poder comprar uma daquelas casa de gatos bem chiques, mas acho que é perda de dinheiro e que, como ele é bem ativo e arteiro, não será aproveitada. A mala não estava sendo útil, então decidi fazer a cama para ele. Por sorte, ele gostou dela.
Meus amigos adoraram o que eu fiz e comentaram que se eu pudesse vender as caminhas elas fariam sucesso. Eles são assim, me encorajam e, às vezes, colocam minhocas na minha cabeça. Apesar disso, a Jú, a Mari e o Léo estão sendo ótimos pra mim durante essa quarentena. Não nos conhecíamos bem antes, então essas conversas estão nos fazendo mais próximos. Eu ainda não conhecia muitas pessoas da minha turma, nem me lembro do nome de muitas. Esta sendo um ano bizarro!
Capítulo 18.
Hoje minha mãe foi fazer mais uma ultrassonografia. Como ela está na 13ª semana de gestação, é possível saber o sexo do bebê, quer dizer: dos bebês. E, como sempre, ela quis fazer uma surpresa. Ficou a tarde inteira assando bolos coloridos ou sei lá o que. A cozinha era uma área proibida para o restante da família naquele dia fresquinho de maio. Mas de uma coisa eu sei: o cheiro que vinha da cozinha era ótimo!
Não jantamos todas as noites por ser um hábito que os médicos dizem não ser tão saudável, mas dias especiais requerem comemorações especiais. E assim foi: jantamos e logo após minha mãe surgiu com vários cupcakes iguais. Mas, por dentro eles eram diferentes. A mamãe explicou que haviam vários cupcakes rosas e azuis. Aquela cor que tivesse mais unidades seria a cor que representaria o sexo dos bebês. Se tiver, por exemplo, cinco cupcakes rosa e cinco azuis quer dizer que os bebês serão uma menina e um menino.
Eu, meu pai e minha avó estávamos ansiosos e começamos a comer partes de cada cupcakes como loucos para saber logo o sexo dos bebês. Havíamos aberto três rosas e quatro azuis, o que fazia com que os três últimos nos deixassem cada vez mais animados. Cada um de nós segurava um na mão e na contagem de três abrimos de uma só vez. Haviam dois azuis e um rosa. Serão dois meninos!
Capítulo 19.
Estou cansada dos aplicativos, das interfaces e das plataformas virtuais. Estou cansada de reuniões virtuais. Estou cansada de não ver ninguém pessoalmente. Vou aproveitar que vamos, neste fim de semana, para a chácara antes de colocarmos internet lá para tirar um dia para meditar, relaxar, e me desligar.
Desde o início de junho, estamos ganhando atividades para fazer em casa. A rede da minha escola ainda não decidiu exatamente como irão proceder com a entrega das provas e dos trabalhos, mas por enquanto estamos tendo atividades completamente online.
A inclusão acaba sendo muito desvalorizada na época em que estamos vivendo. Como as pessoas com necessidades especiais podem aprender se até mesmo pessoas "normais" têm dificuldades? Isso não é fácil... Além do mais, pessoas sem acesso à internet existem por todos os cantos.
Apesar disso, estou em um dia muito reflexivo. Pela manhã, me peguei pensando em como descobriram a manteiga, a energia elétrica e muitas coisas que estão ao nosso redor. O que levou essas pessoas a descobrirem tudo isso?
Capítulo 20.
Agora que sabemos o sexo dos bebês fica mais fácil de escolher o nome deles. Havíamos separados quatro nomes entre os milhares da nossa lista. Minha opinião já era óbvia: nada com "Dj". Mas achar os nomes certos é mais difícil do que parece.
Minha avó contava as histórias de como ela e meu avô escolheram o nome da minha mãe, o que fez a minha mãe sugerir em fazer homenagens. Isso significa que os bebês terão os nomes do meus avós e se chamarão Caetano e Vicente Brandão. Esses nomes não são tão originais quando Potter por ter uma mancha de coração nos olhos, mas até que são bonitos.
Se fossem meninas, as opções finais ficariam entre Cora e Regina que são, respectivamente, o nome da minha avó paterna e o nome da melhor amiga da infância da minha mãe (que faleceu em um acidente de carro). Brincamos com a minha avó materna perguntando se ela não gostaria que colocássemos o nome dela em uma das meninas, mas ela não gostou da ideia. Ela prefere ser a única - e melhor, mais bonita e inteligente - Maria Madalena na família. A descendência venezuelana dela vem à tona às vezes...
Capítulo 21.
Caramba, acho que fui virada do avesso ontem. Passei o dia inteiro na cama, quer dizer, na cama quando eu não estava no banheiro. Por que fui inventar de comer coisas diferentes? Descobri que sou alérgica a nozes da pior forma...
Coceira no corpo todo, vômito e cólicas. Não fazia ideia que eu era alérgica até tentar fazer uma torta cremosa de nozes. Achei elas lá na chácara e resolvi fazer algo, mas não comi nenhuma antes desse momento. Eu não gostava de comer amendoim quando era pequena, porém estou me acostumando com eles agora. Pensei em provar a noz, só que me arrependi depois.
Agora estou um pouco melhor, mas ainda não estou completamente normal. Repouso é a melhor opção, na minha opinião. E isso quer dizer também que: mais nada de nozes para mim! Também vou sugerir que não deixem aquele pé de noz na chácara, pois os meninos podem acabar as pegando e comendo. Imagina a minha situação alérgica em dobro...
Capítulo 22.
A ampliação da casa iniciou hoje e eu já não aguento mais ouvir as máquinas trabalhando. Não sei o que estão fazendo, ainda não fui lá. Acho aqueles homens esquisitos...
Além disso, o barulho que eles fazem não me ajuda enquanto eu pratico yoga. Tive que abandonar a rotina que eu já tinha concreta e mudar as atividades que requerem silêncio para fazer durante a manhã, ou seja, antes das 8 horas. A leitura ainda consigo fazer durante a noite, como de costume.
Acho uma pena que a minha avó não saiba dirigir, mas ainda bem que meu pai conseguiu nos levar até na chácara. Eu e ela estamos relaxadas e sem um barulho sequer além do som dos pássaros e do Potter atrás deles. E, se eu pudesse, traria os meninos junto, mas os humanos não conseguem fazer a troca como os cavalos-marinhos.
Além disso, em casa os meus pais estão fazendo vários cursos que a escola indicou, isso significaria que eu teria sempre que fazer o almoço e eu não gosto de fazer sempre comidas simples que eles querem durante a semana. Eu adoro inventar coisas novas! E tem outra coisa que eu não queria: eles terão que estudar com aquela barulheira "agradável". Espero que isso não influencie em nada nos meninos!
Capítulo 23.
Que confusão estava a minha casa ontem, Jesus!
Primeiro: meu pai foi até uma loja para comprar alguns materiais para a construção como, por exemplo, rodapés e tintas. Minha mãe não está saindo de casa, porém isso não impediu ela de ajudar o meu pai a escolher. Uma videochamada foi a solução. Meu pai segurou o celular e ela falava e comprava com o vendedor.
Segundo: minha avó quis fazer uma comida típica chamada arepas venezuelanas. Na verdade, ela nunca tinha feito, mas depois de ver um noticiário sobre o país naqueles dias, ela estava tentando honrar a pátria dos antepassados. De primeira, não deu certo e de segunda muito menos. O resultado disso tudo foi um incêndio na cozinha.
A pior parte de toda confusão foi a minha: de apagar o fogo. E tentei jogar água, mas não funcionava, tentei abafar o fogaréu, mas ainda não havia conseguido. Finalmente, lembrei de ir pegar o extintor no carro e sai correndo para a garagem, quando me lembrei de que o carro estava na rua, em decorrência da ampliação da casa. Outro problema: o carro estava trancado, então voltei correndo o mais rápido que pude até na sala de estar, onde peguei a chave. Estava exausta até chegar novamente no carro e, por sorte, o auxiliar do pedreiro viu e retirou e extintor da minha mão, correndo até a cozinha, onde ele finalmente apagou o fogo com a ajuda dos meus pais.
Quando eu conto a história assim, parece que demorou uma hora para pegarmos o extintor e a casa estava toda pegando fogo, mas graças à minha velocidade e à minha tentativa fracassada de apagar o fogo com água, ele não pôde se espalhar por todos os cantos.
Capítulo 24.
Apesar de tudo o que está acontecendo agora, tivemos que sair da nossa casa por uns dias e fomos para a chácara. A nossa cozinha está em tons de cinza e preto e teremos que arrumar ela para que o inspetor aprove que ela está segura. Isso também quer dizer que a ampliação foi parada por alguns dias e que o foco é o que já existe da nossa casa.
Sorte que conseguimos instalar internet na chácara e vou poder fazer minhas atividades escolares com calma agora e não com pressa quando voltarmos para casa.
Outra coisa esquisita aconteceu na nossa rua essa semana: um botijão de gás explodiu na casa do nosso vizinho da frente. Algumas investigações mostram que a causa pode ser uma substância incomum dentro do gás, pois compramos - nós e nosso vizinho - da mesma marca e do mesmo lote, ocasionando acidentes com poucos dias de diferença. Se isso for comprovado, o fabricante corre sérios perigos de ocorrer a falência da empresa, já que estão compartilhando avisos ela internet avisando as pessoas de não comprarem mais gás de cozinha dessa marca.
Capítulo 25.
Eu sou, realmente, muito azarada e não é brincadeira!
Não me machuquei quando caí por cima do Bucky. Não me machuquei quando a cozinha pegou fogo. Mas me machuquei quando quis levar uma caixa com coisas dos meninos para o meu quarto - onde fica o meu ateliê.
Apenas quis levar escada acima uma caixa de papelão cheia de materiais, mas escorreguei e caí por, pelo menos, uns dez degraus até que cheguei ao chão. Resultado disso: a ulna (um dos ossos do antebraço) quebrada e dores musculares por todo o corpo. Ainda por cima, dei um rolé com o pessoal da ambulância.
Eu estava acordada e lúcida, mas meus pais, que sempre me alertaram para mim não carregar coisas pesadas para o segundo andar, não me deixaram, em hipótese alguma, me levantar do chão antes de ser examinada por um médico. Isso foi bom por um lado, para prevenir que eu não tivesse outra lesão, mas eu tinha alguns objetos que carregava na caixa bem debaixo das minha costas. Não me lembro o que era, mas incomodava a ponto que que gritei vários palavrões.
Capítulo 26.
Pude voltar logo pra casa depois do meu 9.678º acidente escorregando, ou caindo ou por outras razões. A diferença é que sempre tive sorte e nunca havia quebrado nenhum osso, mas sempre há uma primeira vez!
Por algum tempo, ficarei sem poder fazer força com o braço esquerdo, o que para muitas pessoas não seria tão ruim pois são destros. Isso mesmo: eu sou canhota e tenho o braço esquerdo quebrado. O jeito é reaprender a ser ambidestra!
Além de estar cuidando de mim, minha mãe foi fazer o ultrassom morfológico, que mostrou os corpos dos meninos por completo. Na 21ª semana de gestação, o médico pôde ver órgão como pulmão, coração, estômago, bexiga e rins deles. Estão saudáveis e à salvo no útero da minha mãe...
Capítulo 27.
Já se passou um bom tempo desde que escrevi. A última vez foi em julho e agora é setembro (ainda de 2020, claro!). Realmente, esse acidente me atrapalhou por bastante tempo. Ainda estou me recuperando, mas já consigo fazer bem mais coisas e não sinto tanta dor.
Pensei que valeria mais a pena esperar para recomeçar a escrever para ter uma qualidade melhor de escrita e, além disso, não aconteceu nada de muito relevante no "mês do cachorro louco". Se bem que penso que fiquei, sim, um pouco louca!
Os planos para o quarto dos meninos não foram executados por mim. Uma pena! Estava tão ansiosa para fazer tudo aquilo... Mas pelo menos as minhas ideias estavam lá presentes, não é? Meu pai ficou louco com elas [neste momento estou rindo em voz alta!].
Capítulo 28.
Arrumei uma nova tarefa: arrumar a bolsa da maternidade dos meninos. É ótimo tê-la pronta para garantir que eles não fiquem "pelados" quando nascerem (se é que me entendem!).
Eu nasci na 28ª semana de gestação e como se trata de gêmeos, não podemos ficar esperando algo tão diferente acontecer. É melhor prevenir do que remediar!
Durante a arrumação da mala, eu não preveni uma coisa: as emoções que surgiram. Eu percebi que eu realmente vou ser irmã mais velha e que vou poder brincar com eles, levá-los para passear, ensiná-los a fazer comidas gostosas, além de treiná-los para apagar possíveis incêndios na cozinha e fazer uma tala em caso de fraturas. Meus pensamentos foram tão longe que cheguei a pensar que, para os meus pais, criá-los será mais fácil do que a mim, de certa forma, pois agora contam com a minha ajuda e a ajuda integral da minha avó apesar de ser tudo em dobro...
Capítulo 29.
Chegou mais um 29 de setembro: dia do meu aniversário...
Falando em aniversário, este ano será diferente e eu não deveria saber isto, mas não souberam esconder direito. Será uma festa surpresa online, ou seja, meus amigos e familiares vão me ligar, cantar os parabéns, vamos conversar e eles planejaram mais algumas coisas, mas isso eu não sei o que é, e não fiz questão de saber.
Minha mãe é péssima em esconder as coisas de mim. Isso não quer dizer que eu fique indo atrás dela procurando e vigiando para ver se eu descubro algo, mas que ela acaba se esquecendo que tem um grupo de WhatsApp e ela pede para mim ler as outras mensagens. Dessa maneira, fica difícil abrir o aplicativo sem ver que um grupo tem mais de 50 mensagens não lidas.
Apesar de toda essa confusão, eu estou ansiosa! Além do mais, não é todo dia que se faz 17 anos, não é?
Capítulo 30.
Estou ansiosa com a volta às aulas, mas ela precisava ser justo agora no final do ano?
Não digo isso apenas por serem apenas três meses de aula pela frente (já que estamos em outubro), mas falo pelo fato de que os meninos poderem nascer a qualquer momento e eu não quero estar ocupada resolvendo problemas matemáticos ou fazendo trabalhos. Além do mais, eu esperei 17 anos para que isso acontecesse...
Por enquanto, tenho conseguido manter a minha rotina e cuidado das minhas tarefas no resto do tempo. Quando os meninos nascerem, eu vou ter que fazer as minhas tarefas quando eles dormirem. Quando digo isso, parece que apenas eu vou cuidar deles, mas não é bem assim. Em vez dos meus pais contratarem uma babá, eu vou ser a deles e no meio tempo em que eles estão dormindo, ou entretidos, eu ainda posso fazer outras coisas, diferente do que se eu trabalhasse fora de casa.
São muitas mudanças, mas creio que tudo irá se encaixar. Pelo menos, espero que sim!
Capítulo 31.
Todo mundo ficou louco quando a minha mãe gritou: "É hoje!"
Para quem não sabe, essa frase é o nosso código para "os meninos vão nascer" e, quando isso acontece todos devem fazer uma coisa. Eu pego a bolsa da maternidade, meu pai liga o carro (se ainda dá tempo, claro!) e a minha avó faz companhia para a minha mãe, que vai para o carro.
Isso aconteceu hoje pela manhã. No dia 14 de dezembro de 2020, o Vicente e o Caetano resolveram vir para esse mundo maluco. Desde lá eu não consegui prestar atenção em mais nada e, por causa da pandemia, eu não posso ir visitá-los. Isso quer dizer que eu vou ter que esperar para ver aquelas carinhas fofas pessoalmente somente quando voltarem pra casa.
Até lá, vou ter que descartar o meu excesso de energia limpando a casa, dançando e fazendo tudo o que posso. A única coisa que eu posso afirmar é que eu não aguento mais esperar!
Capítulo 32.
Nossa, já tem algum tempo que eu não escrevo mais! Veja: a última vez que escrevi foi quando os meninos nasceram, em dezembro, e agora já é julho de 2021! Se você for contar os meses que eu não escrevi, serão vários, mas para mim isso não parece. Tudo na minha vida está se encaixando perfeitamente.
Mas, enfim, não foi para isso que eu vim escrever novamente. Eu vim para dizer que eu não vou escrever mais. Pelo menos, não por um bom tempo, pois quero aproveitar tudo o que tenho ao meu alcance agora e ser feliz. A história sobre uma parte da minha vida já está no passado e agora eu preciso ir pra próxima...
Por isso, agradeço à cada leitor que tirou um tempo para ler minhas loucuras e envio um grande abraço virtual à todos vocês!
Assinado, Djenifer Anastácia Brandão. Ou melhor: Djena.
Agradecimento da autora.
Eu, Larissa Parkert, quero agradecer à todos que leram essa história. Não tenho palavras! Quero agradecer também à todas as pessoas que me incentivaram de uma maneira ou de outra.
Não quero prolongar muito, então vou apenas falar uma curiosidade: Grey's Anatomy me fazia ter criatividade para escrever. Estou falando sério, Shonda Rhimes!
Enfim, agradeço novamente e digo que esse ciclo de "Uma história sobre uma parte da história de vida de uma garota normal" se encerrou. Muito obrigadx!
Escrito por Larissa Parkert, no ano de 2020.
Parabéns! Continue a escrever outras histórias... Amei acompanhar cada capítulo.
ResponderExcluir🥰
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