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Como escrever um bom texto?

Essa pergunta é recorrente em nossas salas de aula e, em busca de respostas, não faltam listas de instrução. Individualmente, qualificar a expressão escrita é uma atividade desafiadora, complexa e que requer trabalho, também é prazerosa e significativa, pois o autor produz sentidos através da expressão de sentimentos, concepções e saberes, exercendo sua cidadania. Para isso, interessa conhecer os elementos que possibilitam o bom uso da língua em diferentes práticas sociais do cotidiano, inclusive para fazer uma boa dissertação em processo seletivo.
     Ao escrever é importante que o autor tenha clareza da finalidade de seu texto e da interação que pretende estabelecer com o possível leitor, tendo em vista o contexto comunicativo em que ambos estão inseridos. Na transmissão de uma informação, redigir uma notícia ou uma carta comercial, por exemplo, implicam o domínio de habilidades verbais e o conhecimento de suportes de texto que não são, necessariamente, exigidos para a escrita de uma carta pessoal, de um bilhete ou de um recado virtual. Assim, quem escreve faz escolhas linguísticas, de sequência tipológica e de gênero, que possibilitam atender aos propósitos de determinada comunicação escrita.
     Nos casos em que é preciso atender a uma proposta de redação, importa conhecer a estrutura textual solicitada, ou seja, produzir uma dissertação de cunho argumentativo exige uma posição discursiva com base em argumentos consistentes, além do uso culto da língua em parágrafos coerentes e coesos que consistem a produção. Quanto à expressão linguística ao dissertar, é essencial observar a ortografia, a pontuação, a acentuação e a estruturação dos períodos, bem como a utilização de recursos coesivos como as conjunções, os advérbios e os pronomes, que favorecem a clareza e a articulação de ideias. O bom textos também se caracteriza pela originalidade, isto é, um bom domínio vocabular, evitando modismos ou expressões pobres de significado.
     Para quem deseja escrever bem em uma avaliação, outro aspecto importante está relacionado à capacidade de interpretar e de desenvolver um texto conforme o tema sugerido. Mesmo diante de alguns excertos mobilizadores geralmente disponibilizados nas provas, a leitura atenta e retomada da proposta durante o processo da escrita, o destaque para palavras-chave e a esquematização de um plano de escrita são estratégias que podem auxiliar os redatores. Afinal, eles dispõem de um tempo limitado para a produção do rascunho, da escrita legível do texto e de sua revisão, bem como devem estar atentos a outras instruções da prova, como, por exemplo, o preenchimento do cabeçalho.
     Para produzir um bom texto, é imprescindível ter informações acerca do assunto em questão, transcendendo o senso comum. A leitura de jornais, revistas e livros, o acesso a noticiários, bem como a participação em cursos, palestras e debates em aula, quando associados à capacidade de reflexão, possibilitam a construção de argumentos convincentes em defesa de um ponto de vista. Se não bastasse isso, alguns concursos, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), consideram, através de seus critérios de avaliação, a importância de o redator apresentar uma proposta de solução para o problema em discussão. Nesse caso, a partir de uma visão crítica, quem escreve é desafiado a utilizar o raciocínio e o conhecimento de mundo para superar o plano das opiniões, a fim de desenvolver alternativas viáveis para a solução de problemas sociais.
     De forma geral, a conquista das condições necessárias para se atingir um bom nível de escrita se dá essencialmente através da vivência da língua, isto é, pela leitura, pela prática da produção textual e pelo conhecimento de mecanismos linguísticos. Por isso, é função da escola, principalmente nas aulas de Português, desenvolver propostas que possibilitem qualificar o uso da nossa língua. Além disso, essencial é o que emana - ou pelo menos deveria - de qualquer aprendiz o desejo de conhecer e de aperfeiçoar sua competência comunicativa, além do exercício constante do pensamento reflexivo da criticidade e da troca de saberes.

Escrito por Janete Inês Müller, em 28 de fevereiro de 2020 para o Jornal Gazeta do Sul.

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