Pular para o conteúdo principal

Erros de Português: Concordância (parte 2).


11. “Que” sem preposição.

 Um erro daqueles que a gente comete sem prestar atenção, quase sem se dar conta, é se esquecer das preposições na hora de usar o “que”. Mas quando isso acontece? Confira se você se lembraria de colocar as preposições marcadas na frase a seguir:
 - Sua dúvida tem a ver com o assunto de que a gente falou na aula passada.
 - Os livros de que eu mais gosto estão na parte de cima da estante.
 - O jeito com que você disse aquilo me ofendeu.
 - A história em que os protagonistas são bruxos é a melhor.

12. “Cujo”.

Outro pronome que costuma ser esquecido por causa do “que” é o “cujo”, parecido com “de que”, “de quem” ou “do qual”. 
Exemplos: - O rapaz cuja camisa é vermelha.
                    - A sala cujas paredes estão manchadas.
                    - O filme cujo final não é feliz.
                    - As calças cujos bolsos estão furados precisam ser consertadas.

13. “Lhe” e “o”.

Tanto “lhe” quanto “o” são pronomes pessoais oblíquos. Mas, enquanto o primeiro serve para substituir objetos indiretos, isto é, que precisam de preposição, o segundo só é usado para os objetos diretos, ou seja, sem preposição. 
     Exemplos: - Enviei o resultado a seu assistente. (“o resultado” não tem preposição, por isso é objeto direto; “ao seu assistente” tem preposição “a”, então é objeto indireto)
                        - Enviei-o a seu assistente. (o objeto direto é substituído por “-o”)
                        - Enviei-lhe o resultado. (o objeto indireto é substituído por “-lhe”)

14. “Você” e “te”.

Na linguagem oral, apesar de a gente empregar, na maior parte do Brasil, o “você” para se referir à 2ª pessoa, não é raro misturarmos seu uso com o “te”, dizendo “te encontro mais tarde” a alguém que não tratamos por “tu”, por exemplo. Na escrita é bom se lembrar de que o “te” não é o pronome que corresponde ao “você” gramaticalmente, já que “você” é um pronome de tratamento (assim como “senhor” ou “Vossa Excelência”) e, por isso, concorda com a 3ª pessoa no lugar da 2ª. Assim, no lugar de “te” ou “teu”, usamos:
      - Você tem alguma dúvida? Este livro pode ajudá-lo!
      - Ei, você, esta não é sua carteira?
      - Você quer que eu o espere?

15. Ênclise de “o”.

No primeiro exemplo ali em cima, você deve ter reparado que “-o” apareceu em uma forma diferente: “-lo”. Pois acontece que quando “-o” vem ligado depois do verbo (ou seja, em ênclise), ele precisa mudar de forma em dois casos diferentes: depois de verbos que terminariam em “r”, “s” ou “z”, quando se transforma em “-lo”; e depois de verbos que terminam em sons nasais (com “m” ou til), quando vira “-no”. Exemplos: - Você terá que trazê-los amanhã. (trazer)
                   - Encontramo-la embaixo da mesa. (encontramos)
                  - Descobriram-na por acidente. (descobriram)
                  - Põe-no sobre a cômoda. (põe)

16. Mesóclise de “-lo”.

Última dica sobre “-o” para você entender tudo do assunto no uso desse pronome oblíquo. Sabia que quando ele aparece com verbos no futuro do presente (tipo “farei”, “comerei”, etc.) ou no futuro do pretérito (tipo “adoraria”, “faríamos”, etc.) precisa ser colocado no meio do verbo e ainda aparece sempre como “-lo” (e declinações)? 
     Exemplos: - Venderei esses produtos amanhã. Vendê-los-ei amanhã.
                        - Queria sua resposta o quanto antes. Querê-la-ia o quanto antes.
                        - Conseguiremos esse dado em breve. Consegui-lo-emos em breve.
                     

17. “Dele” e “de ele”.

Ninguém tem dúvida na hora de juntar “de” e “ele” em “dele” ou “em” e “ele” em “nele”, certo? Mas nem sempre se deve fazer essa contração. Quando o pronome reto da 3ª pessoa (“ele” e suas declinações) for o sujeito de um verbo no infinitivo, a contração não vai acontecer. 
     Exemplos: - O fato de ele ser o chefe não lhe dá o direito de maltratar os funcionários.
                        - Antes de ela sair, todos estavam em silêncio.
                       - O problema está em eles desobedecerem às ordens.

18. “Dele” ou “seu”.

Como aqui no Brasil usamos o “você” com muita frequência, em algumas situações, podem ocorrer ambiguidades em que “dele” e “dela” ajudam a esclarecer a quem determinado elemento se refere. Mesmo assim, quando não há risco de mal-entendido, a regra é usar “seu”. 
     Exemplos: - Ana tem três cadernos em sua mochila.
                        - Para lidar com seus problemas, a empresa recorreu a uma solução simples.
                       - O homem recolheu seus pertences e foi para casa.

19. “Mim”, “me” e “eu”.

Parecido com o problema de trocar “lhe” por “o” (e vice-versa), para solucionar a confusão entre “mim”, “me” e “eu”, é preciso parar para descobrir qual é a função desse elemento na oração. Se for sujeito, opte sempre por “eu”; se não houver preposição, use “me”; se houver preposição, “mim” será a resposta certa.
     Exemplos: - Preciso que você me envie os dados para eu fazer a análise. (apesar do “para”, “eu” é sujeito de “fazer”)
                       - Preciso que você envie os dados para mim. (“mim” é objeto indireto de “enviar”, com preposição “para”)
                      - Preciso que você  envie os dados. (“me” é objeto indireto de “enviar”, mas não há preposição)

20. “A maioria”.

A expressão está no singular e até tem artigo definido, mas se o que vier depois estiver no plural (como geralmente está), com o que o verbo deve concordar? Nesses casos, a regra é flexível: você pode escolher. Mesmo assim, para evitar mal-entendidos, nosso conselho é preferir manter o singular, optando pela chamadaconcordância gramatical (por oposição à atrativa, que concorda com o elemento mais próximo).
Exemplos: - A maioria das pessoas gosta de chocolate.
                   - O governo procurou atender aos pedidos que as maiorias fizeram.
       O mesmo vale para outras expressões partitivas (como “a maior parte”, “a minoria”, “metade de”, “o resto de”, etc.):
                  - A maior parte dos funcionários almoça na empresa.
                  - O restante dos trabalhadores ficará por aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Contatos sociais

O humano é o ser mais dependente que existe no planeta, nós precisamos muito dos outros para conseguirmos sobreviver! Diferente de outras espécies de animais, que conseguem sobreviver de forma independente.    Assim como a sociedade precisa dos humanos, o ser humano precisa da sociedade para se tornar civilizado. Ou seja, o ser humano apenas se torna civilizado, pois adquiri os conhecimentos, costumes, e formas de viver da sociedade. Existem histórias,   como a do menino Victor de Aveyron,que viveu, dos quatro anos de idade,   até seus onze anos sem nenhum contato social.   Ele foi abandonado em uma floresta na França, e teria se criado junto aos lobos, foi encontrado na floresta e foi adotado, onde ensinaram-o a viver em sociedade. Ele até conseguiu se adaptar,   porém foi algo muito difícil, pois ele era um selvagem pelo motivo de ter vivido tanto tempo junto á lobos. Esse menino conseguiu   sobreviver, pois se adaptou aquele lugar (floresta), e fez dos "lobos" a sociedad

Crônica: A importância da leitura.

"Alguns meios estão nos roubando o prazer de viajar pela leitura".      Cerca de 45% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou nenhum livro, ou seja, há um número alto de pessoas que não se interessam por leitura. Algumas sabem que é importante, mas por algum motivo não conseguem ler. A leitura é muito importante para ampliar conhecimentos, aliás faz bem para a alma e para a saúde mental.     Em minha opinião, antigamente as pessoas liam muito mais, pois era um meio de aprender, se informar, além de ser um passa tempo saudável. Já hoje em dia, para fazer essas coisas, nós temos televisões, celulares, tablets, computadores entre outros produtos. Por esses fatos as pessoas procuram menos os livros.      Por mais que as escolas tentam estimular a leitura, as tecnologias também estimulam as pessoas por um lado negativo, ou seja, deixar de viver em outro mundo fantástico sem sair do lugar.      Já foi comprovado que a leitura ajuda em vários fatores, como na escrita e fal

Erros de Português: Gêmeos do mal (parte 1).

É mais fácil errar do que acertar, e na escrita não é diferente! Mas não podemos nos dar por vencidos e, sim, tentar e tentar novamente. Para ajudar você, nosso leitor/escritor do blog, vamos postar dicas e possíveis erros de português. Te liga! 1. "Mal" e "mau".      "Mau" é um adjetivo, ou seja, podemos usar ele para expressar características. Exemplo: Os três porquinhos e o lobo mau .      Já "mal" pode ser ou advérbio ou substantivo. Exemplo: A luta entre o bem e o mal  nunca acaba. 2. "Bem" e "bom".      "Mal" é o contrário de "bem". Isso significa que "mau" é o contrário de "bom", claramente.       Isso parece meio confuso, então te liga nessa dica: 3. "Independente de" e "independentemente de".     Novamente, existe uma diferença entre adjetivo e advérbio. "Independente" pode ser uma qualidade ou um estado, isto é: um adjetivo. Exemplo: Com que idade